terça-feira, 12 de maio de 2009

Alice no País das Maravilhas



Continuamos a leitura do Capítulo I do livro: “ Alice no país das maravilhas” de Lewis Carroll, lido na 127° edição do programa radiofônico ALACAZUM PALAVRAS PARA ENTRETER que foi ao ar no dia 10 de maio de 2009, transmissão pela Rádio Clube de Valença 650 Khz AM.

Sempre caindo e caindo e caindo... Não havia nada para fazer, a não ser falar.


-Diná vai sentir muito a minha falta, esta noite. (Diná era a gata de Alice.) Espero que não se esqueçam do seu pires de leite, na hora do chá! Diná, minha querida, eu queria bem que você estivesse aqui, caindo comigo!


Não há ratos no ar, creio. Mas você poderia pegar um morcego que é bem parecido com um verdadeiro rato. Mas, afinal de contas, os gatos comem morcegos?


Aqui, Alice começou a ter grande vontade de dormir e continuou a repetir, como num sonho:


-Os gatos comem morcegos? Os gatos comem morcegos?


Às vezes repetia errado:


-Os morcegos comem gatos?


Como não podia responder a nenhuma das duas perguntas, pouco importava a ordem em que pusesse as palavras. Sentiu que adormecia e começou a sonhar que passeava de mãos dadas com Diná e que falava com ela muito seriamente:


- Vamos, Diná, diga a verdade: você já comeu algum morcego?


De repente, bum! Caiu sobre um monte de folhas secas: a descida tinha terminado.


Alice não se machucou e ficou logo de pé. Olhou para o alto: em cima dela tudo estava preto. Diante dela abria-se um outro corredor comprido e lá estava o Coelho Branco, correndo a toda pressa. Não havia um minuto a perder. Alice saiu perseguindo o Coelho e chegou justo a tempo de ouvi-lo dizer, dobrando uma esquina:


- Oh! Pelas minhas orelhas e pelos meus bigodes! Como é tarde!


Ela estava logo atrás dele, quando também dobrou a esquina. Mas o Coelho Branco, tinha desaparecido; encontrou-se num vestíbulo comprido e baixo, iluminado por uma fileira de lâmpadas que pendiam do teto.


Havia uma porção de portas ao redor dessa sala, mas elas estavam todas fechadas a chave. Alice percorreu primeiro um dos lados, depois o outro, tentando abrir as portas. Depois caminhou, muito triste, para o meio do vestíbulo, perguntando-se como faria para sair dali.


De repente viu diante de si uma pequena mesa de três pés, inteiramente feita de cristal. Não havia nada em cima, senão uma delicada chave de ouro. A primeira idéia de Alice foi que deveria ser a chave de uma das portas do vestíbulo. Mas, que pena! Ou bem as fechaduras eram muito grandes, ou bem a chave era muito pequena: o fato é que essa chave não abria nenhuma das portas. Alice resolveu então dar uma segunda volta pelo vestíbulo.


Desta vez chegou a uma cortina, colocada muito baixo, em que não tinha reparado na primeira volta. Levantou-se e descobriu uma pequena porta que não tinha mais que trinta centímetros de altura. Experimentou a chavezinha na fechadura e, muito satisfeita, verificou que servia perfeitamente. Alice abriu então a porta e pôde ver que ela conduzia a um pequeno corredor, mais ou menos do tamanho de um buraco de rato. Ajoelhou-se e olhou pelo minúsculo corredor: ele ia dar no mais lindo jardim que já se viu no mundo. Como Alice estava ansiosa para sair deste vestíbulo escuro e para passear entre esses canteiros de belas flores e essas fontes de água fresca! Mas nem sua cabeça passava pela porta.


- E mesmo que minha cabeça passasse, não adiantaria grande coisa se meus ombros não passassem- pensava a pobre Alice. – Oh! Eu queria tanto poder encurtar como um telescópio! Estou certa de que poderia fazer isso, se soubesse como é que se faz.


Tantas coisas extraordinárias tinham acontecido nas últimas horas, que Alice estava começando a acreditar que bem poucas coisas eram verdadeiramente impossíveis.


Vendo que não adiantaria nada ficar esperando perto da portinha, voltou para a mesa. Talvez encontrasse lá outra chave, ou quem sabe um livro dando as regras para encurtar pessoas como se encurta um telescópio. Desta vez encontrou sobre a mesa uma pequena garrafa.


- Tenho certeza de que ela não estava aí ainda agora- disse Alice.


Pendurada no gargalo, havia uma etiqueta com estas palavras, em letras bem grandes: BEBA-ME!


Era muito simples dizer: BEBA-ME. Mas Alice era muito inteligente para fazer isso sem refletir.



Continuaremos no próximo domingo com mais palavras para entreter


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